sábado, 11 de abril de 2009

A celebração Pascal e o espírio cristão das festividades

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[avisam-se os leitores mais sensíveis que seguinte post pode ferir, e muito violentamente, a saúde e bem estar de quem prosseguir a leitura]
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Ora, ora... como é bela a vida num prédio. As caras felizes dos zombies que nos cruzam todas as manhãs, as criancinhas a correr pelas escadas abaixo enquanto nós tentamos dormir, a porta do prédio que nunca está fechada ou os toques errados de campainha...

Enfim, tudo é belo, a vida é bela. Mas, com o passar do tempo, tendemos a esquecer as maravilhosas surpresas que a vida num apartamento nos reserva. Eis senão que, quando menos esperamos, algum nosso vizinho tem a especial gentileza de nos recordar de que eles também existem e que estão ali a fazer parte integrante das nossas vidas.



SITUAÇÃO 1

Nunca pensei que uma ida à casa de banho a meio da noite me pudesse mudar a vida, mas o problema é que o fez. Para pior ou melhor, alguém um dia dirá.

Então, lá vou eu à dita casa de banho, a curtir a plenitude de umas férias natalícias. Faço o que tenho a fazer, de pé como fazem os Homens, puxo o tó'clismo e vou lavar as mãos. Limpos os chispes, começo a espremer um teimoso ponto negro que teima em crescer-me na ponta do nariz.

E foi então que começou o horror.

Quatro da manhã. O silêncio no prédio era mórbido e por isso o passo de corrida no andar de cima não passa despercebido. Segui os passos com atenção até que pararam mesmo por cima da minha cabeça. Ouvi uma porta a ser empurrada com toda a força e fez-se silêncio.
Daquele que antecede o rebentar das ondas, quando o mar se levanta e pára no ar por segundos.

Mas aqui, não foi o mar que rebentou, mas antes as entranhas do meu vizinho de cima. Sim. Eu sei. Foi a coisa mais repugnante que ouvi até hoje. Um precioso espectáculo (quase piro-musical) de precisos instrumentos de sopro e de percussão. Uma nojeira completa. Uma diarreia das antigas e que, infelizmente para mim, parecia não ter fim.

Ouvi coisas que não consigo apagar da memória e às vezes, de noite, ainda acordo com o som dos pedacinhos de cenoura, ainda crua, a encontrarem o seu fatal destino de encontro a sanita.





SITUAÇÃO 2
Esta é a especial razão que me leva a escrever a estas horas.
Ora muito bem, estava eu descansado da vida na minha sala, a ver o 007 e a pensar para comigo «Porra, mas o gajo nunca morre??», quando estranhos ruídos começaram a projectar-se do andar de cima. Não era nada que nunca tivesse visto em filmes, mas, mais uma vez, tive de presenciar a cena, na primeira pessoa.

Baixei o volume da televisão e comecei a perceber o que se passava. O Coelhinho da Páscoa este ano decidiu vir mais cedo e pôs-se a arredar os móveis do quarto do vizinho. Mas, ao ouvir um repetido barulho de molas a serem forçadas, pensei cá para comigo «Oh lá, mas queres ver que o Coelhinho também faz mudanças de colchões velhos?».

No entanto, foi ao ouvir os gemidos que me apercebi de que afinal não era Coelhinho nenhum, mas sim os meus vizinhos de cima que tinham decidido celebrar o fim da Santíssima Sexta-Feira muito dentro do tema das festividades, ou seja, à moda dos coelhinhos.


E com isto me despeço.
E mais uma vez, o aviso está no princípio. Só leu quem quis.
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